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Vivências Afro-brasileiras destaca contribuição da capoeira na formação social e cultural

Encerramento foi realizado na quinta-feira (30), no Teatro Benigno Gaiga

“A capoeira não só possibilita a aprendizagem e a compreensão de fatores históricos e sociais, por meio das letras de suas músicas, mas também o conteúdo delas sensibiliza os ouvintes para a percepção dos sentimentos envolvidos e relatados, pois evocam a luta dos escravizados pela sua liberdade, bem como o sofrimento do negro que o leva a denunciar o racismo, conduzindo o educando a conquistar relações sociais e raciais muito mais equânimes”. Assim, o Mestre Valdenor Silva dos Santos, grande convidado da quarta edição do Vivências Afro-brasileiras, defende o reconhecimento e a valorização da capoeira e de outras culturas negadas historicamente como caminho para o fortalecimento de uma identidade genuinamente brasileira.

O evento, que teve início no dia 24, chegou ao final nesta quinta-feira (30), com um rico legado de aprendizado e intensa troca cultural entre os mais de 400 participantes entre alunos, professores e público em geral. O Vivências Afro-brasileiras é a maior e mais importante ação da Secretaria Municipal de Educação para trabalhar com as leis que asseguram a necessidade e a importância de se considerar a história e a cultura afro-brasileira nos conteúdos escolares.

O encerramento, realizado no Espaço Cultural da Urca, contou com a presença do atabaque de Maria Augusta Clementino, de Ailton Santana – o Mestre Bucha – que falou sobre os congados e reisados e a participação dos Filhos do Bonfim, com mestres e monitores, além do Contramestre Kong e Mestre Valdenor, trabalhando na formação de professores.

Mestre Valdenor foi o grande convidado desta edição do evento

Participaram desta edição as escolas municipais José Mamud Assan, Alvino Hosken, João Pinheiro, José Avelino de Melo, Carmélia de Castro, Raphael Sanches, Dona Lúcia Sacoman Junqueira e Dr. Haroldo Affonso Junqueira e a Escolinha Pingo de Gente.

“Essa quarta edição do Vivências Afro-brasileiras dialogou com o mês de maio e com outras manifestações culturais, trazendo saberes, conhecimentos e festejos. Foi a edição mais madura do evento, um momento importantíssimo para fazer com que preconceitos sejam combatidos e para que possamos aprender com tudo aquilo que a cultura afro já edificou. É importante lembrar ainda que a Lei 10.639 precisa ser implementada e a Secretaria Municipal de Educação estimula, com a realização do evento, o trabalho neste sentido”, avalia o coordenador do Centro de Referência do Professor, Cleiton Corrêa.

A capoeira é o ponto de partida do encontro “Vivências Afro-brasileiras”. O projeto, na quarta edição, foi idealizado por Luiz Henrique de Souza, o Contramestre Kong, professor responsável pelo evento. “A capoeira não é só levantamento de pé. É um jogo constante na vida de cada pessoa. Você joga capoeira também todo dia”, reflete.

Mais de 400 pessoas participaram do Vivências Afro-brasileiras em 2019

Reconhecimento
Nesta edição, o grande convidado do Vivências Afro-brasileiras foi o Mestre Valdenor. Além de Mestre de Capoeira, Valdenor Silva dos Santos é também mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), com o tema “A roda de Capoeira e seus ecos ancestrais” e atua em projetos sociais e de pesquisa, como “O ancestral e o contemporâneo: reconhecimento e afirmação de histórias e culturas afro-brasileiras”. Arte-educador, jornalista e sociólogo, Mestre Valdenor trabalha com capoeira há 49 anos e hoje é presidente da Federação Paulista de Capoeira.

“O evento trouxe reflexões fundamentais que ressaltam a importância dos direitos e o valor das populações com seus costumes e culturas negadas nesse país. Quero recorrer a Honneth [Axel Honneth, a Luta pelo Reconhecimento – para uma gramática moral dos conflitos sociais] para pensarmos no contexto da luta pelo reconhecimento, não somente da capoeira, mas das inúmeras culturas praticadas no Brasil por afrodescendentes e indígenas que não são reconhecidas pelo conjunto da sociedade como parte fundamental da cultura brasileira. A luta pelo reconhecimento nos três níveis – jurídico, sociocultural e pessoal – envolve necessariamente a luta pelo fortalecimento da identidade do povo negro, que tem sua cultura, estética, música, artes e lutas de resistência o fundamento e todo o reconhecimento que deve ser atribuído a ele”, ensina o Mestre.

O evento propõe a valorização e o reconhecimento da cultura afro-brasileira e também reflete sobre o racismo. “Há que se reconhecer a contribuição da capoeira na formação da cultura e da sociedade brasileira, a qual passa necessariamente pelo devido reconhecimento da história e de uma cultura negada. Tal falta de reconhecimento se deve ao desprezo da sociedade brasileira a todas as manifestações dos grupos menos privilegiados, como é o caso dos afrodescendentes e indígenas”, pontua Mestre Valdenor.

Confira a mensagem do Mestre Valdenor sobre a 4a edição do Vivências Afro-brasileiras.

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