Além da técnica, iniciativa aborda temas como autoestima, respeito e bullying

Encerramento do projeto na Biblioteca Júlio Bonazzi contou com a presença dos alunos e convidados
“Cuida da semente, você vai colher aquilo que plantou”. A música “Cuida de mim”, de Michael Sullivan, foi a escolhida para a apresentação de encerramento do projeto ReciclARTE que, para muito além de transformar o lixo em artesanato, desenvolveu valores como autoestima e respeito às diferenças com 20 alunos da E.M. Alvino Hosken de Oliveira, do bairro Santa Rita, e 20 estudantes do PMJ que frequentam o Centro de Artes e Esportes Unificado (CEU), no Jardim Itamaraty.
Patrocinado pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, o projeto ofereceu oficinas semanais de arte com sucata, que tiveram início em agosto deste ano, na Biblioteca Júlio Bonazzi (Monjolinho) e no CEU, ministradas pela artesã Jéssica Rhayane Ivo. “Ela ensina a amar”, resume o aluno Marcos Vinicius da Silva, do 5º ano da E.M. Alvino Hosken. “Eu achei muito legal, a gente aprende várias coisas”, conta o estudante, que mostra orgulhoso os produtos confeccionados por ele a partir de materiais que seriam descartados no ambiente, como embalagens plásticas, CDs, vidros, papel, entre outros.

Oficineira Jéssica Rhayane Ivo mostra as peças produzidas pelos alunos durante as oficinas
Nas solenidades de encerramento, toda a comunidade pôde conhecer um pouco do trabalho desenvolvido, com a exposição das peças produzidas pelos alunos durante as oficinas. São oratórios, porta-documentos, guirlandas, flores, potes multiuso, tudo feito de sucata.
O objetivo do projeto ReciclARTE é propor um novo olhar sobre o lixo nosso de cada dia, desenvolvendo a criatividade e a consciência ambiental em crianças e adolescentes. Durante os encontros semanais, para muito além das técnicas de artesanato, a oficineira desenvolveu valores e conceitos que visam ampliar a visão de mundo dos alunos.
“Só tenho a agradecer aos pais e às equipes da Escola Alvino Hosken, da Biblioteca Júlio Bonazzi, do CEU e da Secretaria Municipal de Cultura e, especialmente, a cada criança que participou do projeto. Elas me realizaram como profissional, como professora e como mulher e me receberam com carinho, com amor de verdade”, destaca a artesã Jéssica Ivo.
Desde o início do projeto, os professores identificaram melhorias no comportamento e no desenvolvimento dos alunos participantes da iniciativa. “O projeto ReciclARTE veio ao encontro daquilo que fazemos na educação integral, trabalhando a questão ambiental e mostrando que o nosso lixo pode se transformar em luxo. Só tenho a agradecer”, ressalta a professora referência da Educação Integral da E.M. Alvino Hosken de Oliveira, Cleonice de Souza Neri dos Santos.

Durante as oficinas foram confeccionados oratórios, porta-documentos, guirlandas, flores, potes multiuso, tudo feito de sucata
Já a bibliotecária da Biblioteca Pública Municipal Júlio Bonazzi, Juliana de Faria Cardoso, destacou que, desde o primeiro dia, foi possível notar o respeito e o envolvimento de todos no projeto. “Quero agradecer à Jéssica e às crianças, que nos ensinaram muito. Já esperamos a parceria para o ano que vem”, celebra.
O projeto tem caráter cultural, educativo e social e visa gerar na comunidade responsabilidade e consciência ambiental através da arte. A sucata (lixo reciclável) é a matéria prima a ser reaproveitada com criatividade na construção de objetos de arte.
Presentes
Para celebrar o encerramento do projeto, os alunos escreveram cartinhas indicando aquilo que gostariam de ganhar como presente. A oficineira conseguiu 40 pessoas que apadrinharam todos os pedidos. Alguns alunos já receberam os presentes, enquanto outros receberão os pedidos em mãos, entregues pelos padrinhos, até o dia 21 de dezembro.
Cada participante recebeu também um chocotone, para celebrar o Natal, e um kit formado por lápis, borracha e caneta. “Pensamos nesse kit para que eles possam reescrever suas histórias de vida a partir do projeto”, conta Jéssica.
Lembrando o tempo de decomposição dos materiais na natureza, a artesã conclui: “Sejamos vidro, que pode levar um milhão de anos para se decompor. É preciso resistir, em vez de desistir. Por isso, buscamos construir com os alunos novas maneiras de enfrentar a vida”, finaliza.
A oficineira e artesã Jéssica Rhayane Ivo tem trabalhos expostos no Véu das Noivas desde 2004 e colaborou com a criação do Grupo de Artesãos “Arteiros do CEU”, onde atua como voluntária desde 2015. De 2016 a 2018, atuou também como oficineira no Projeto Oficina de Embalagens do CEU e como voluntária no Programa Municipal da Juventude (PMJ).