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Saúde alerta para o grande volume de medicamentos vencidos devolvidos pelos usuários

Em média, 10 quilos de medicamentos vencidos, são recolhidos por semana somente na Farmácia Central

10 quilos formados por vidros de xarope, blisters com comprimidos, embalagens de cremes e pomadas: este é o volume de medicamentos vencidos, devolvidos na Farmácia Central que funciona na Policlínica. Este é o volume médio arrecadado somente nesta unidade, no período de uma semana. Mas o quantitativo tem sido crescente e acendeu um sinal de alerta para a equipe de Assistência Farmacêutica da Secretaria Municipal de Saúde. “Nós fazemos o recolhimento de medicamentos vencidos em todas as nossas unidades de saúde, incluindo as farmácias e as UBSs e as nossas equipes têm percebido crescimento na arrecadação. A volta destes materiais demonstra pra gente que as pessoas estão armazenando em casa, muito mais medicamentos do que elas necessitam de fato, tanto é que estes medicamentos não são utilizados, perdem o prazo de validade e são devolvidos. Então, isso demonstra mais uma vez a necessidade de falar, informar e esclarecer sobre a automedicação”, alertou Yula Merola, coordenadora da Divisão de Assistência Farmacêutica e presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Minas Gerais.

Segundo a farmacêutica Lívia de Almeida Vieira Cava, dos medicamentos entregues pela população no balcão da Farmácia Central, 70% são produtos que foram fornecidos pelo SUS, não utilizados e que acabam descartados. “Os medicamentos vencidos vão diretamente para o descarte correto, mas temos uma grande dificuldade em aproveitar os medicamentos ainda no prazo de validade, porque não temos informações sobre a forma de armazenamento e conservação. Quando possível, fazemos uma avaliação farmacêutica macroscópica e verificando a manutenção das condições ideais, podemos reutilizar este medicamento. É uma prática possível, onde conseguimos recuperar uma pequena parte deste grande quantitativo de medicamentos desperdiçados pelos próprios usuários”, explicou.

Secretário de Saúde em visita à Farmácia Central

Os medicamentos recebidos são recolhidos pela empresa contratada pela Prefeitura para o descarte de resíduos de serviços de saúde. A responsável técnica de Assistência Farmacêutica lembra que a preocupação visa o cuidado com a saúde das pessoas e do meio ambiente também. “A gente quer que as pessoas não tenham medicamento em casa, pra evitar a automedicação. Mas simplesmente jogar esse material no lixo comum não é solução, porque outras pessoas podem ter acesso a estes medicamentos, ou você pode poluir as águas e o meio ambiente. Então, colocando à disposição da população esse serviço de coleta, nós promovemos ao mesmo tempo, a conscientização sobre o assunto e o descarte correto e seguro destes materiais”.

O Uso Racional de Medicamentos

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, entende-se que há uso racional de medicamento quando pacientes recebem medicamentos para suas condições clínicas em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade. O uso irracional ou inadequado de medicamentos é um dos maiores problemas em nível mundial. A OMS estima que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada, e que metade de todos os pacientes não os utiliza corretamente.

Exemplos de uso irracional de medicamentos incluem: uso de muitos medicamentos por paciente ou polifarmacia; uso inadequado de antimicrobianos, muitas vezes em dosagem inadequada, para infecções não bacterianas; excesso de uso de injeções quando formulações orais seria mais apropriado; falta de prescrição de acordo com as diretrizes clínicas; automedicação inapropriada; não aderência aos regimes de dosagem. O secretário de Saúde Carlos Mosconi lembra que quando o paciente não se adequa ao tratamento inicialmente prescrito, é fundamental que ele retorne ao médico, para relatar o ocorrido. “Desta forma, o profissional de saúde, com base nestas informações, poderá indicar outro tratamento. Realmente o número de medicamentos literalmente jogados no lixo, por falta de cuidado ou por não aderência aos tratamentos é alarmante e isso representa desperdício de recursos tão necessários para o funcionamento da nossa Rede”.

Ações Práticas

Dentro desta preocupação, a Secretaria Municipal de Saúde participa anualmente da Campanha pelo Uso Racional de Medicamentos, realizada pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de Minas Gerais, em parceria com os farmacêuticos e com os municípios.

A Comissão de Farmácia Terapêutica tem trabalhado na organização de protocolos que visam a organização da dispensação. “Estamos visando o uso racional de medicamentos, com a dispensação mensal dos remédios de uso contínuo e de tratamentos especiais, de forma a evitar exatamente isso que nós estamos observando, que é o paciente levar uma quantidade maior de medicamento para casa e acabar não utilizando todo este volume, o que representa perda financeira para o sistema. É para atender melhor, evitar a automedicação e melhorar a farmacoterapêutica dele”, explicou Yula.

O secretário adjunto de Saúde, Flávio Togni de Lima e Silva, lembra também a importância da informatização para este controle. “O sistema está totalmente implantado na zona Oeste e parcialmente implantado em outras unidades, como a Central. Temos o desafio da falta de rede de fibra ótica em diversos pontos da cidade, mas que está em fase de implantação. Temos a informatização como meta, porque ela gera histórico dos pacientes, estatísticas relativas ao consumo e maior controle do nosso estoque, dados que vão se refletir na melhoria da assistência prestada”.

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