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Som dos tambores, alegria e muita emoção marcam a estreia do documentário “São Benedito de Poços de Caldas: a fé e a devoção de seus Congos e Caiapós”  

“Da minha alma brotam lágrimas quando eu vejo um Terno de Congo na igreja entrar. Caiapó colorido com seu enfeitado cocar vem batendo as espadas pra São Benedito. O tambor ecoando o barulho pra agradecer!”. Como canta a banda Macaxeira, em sua “Festa de São Benedito”, brotaram lágrimas das almas que se reuniram na noite da última terça-feira, 5 de outubro do ano da graça de 2021, para celebrar a tradição, a alegria, a fé e a devoção do povo de Poços de Caldas em São Benedito. A noite de gala – na Capela e no dia de São Benedito – marcou a estreia do documentário “São Benedito de Poços de Caldas: a fé e a devoção de seus Congos e Caiapós”, produzido pela Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com a Associação dos Ternos de Congos e Caiapós.

Um a um, os protagonistas do documentário foram entrando pelo tapete vermelho da capela, vestidos de gala, com suas fardas multicores adornadas de fitas. “São Benedito, filho de escravos e amigo de Deus”, certamente se alegrou com os tambores dos Congos e Caiapós, que mantêm viva a tradição, materializada na Festa de São Benedito, mesmo quando os festejos não acontecem.

Com 26 minutos de duração, o filme registra a manifestação de fé, a partir da religiosidade dos agentes da cultura popular que perpetuam a tradição de devoção ao Santo Negro. A captação de imagens foi realizada em maio, quando aconteceria a Festa de São Benedito, suspensa pelo segundo ano consecutivo devido à pandemia da Covid-19.

A data da estreia foi especialmente escolhida por ser o Dia de São Benedito no Brasil. Segundo informações da Arquidiocese de São Paulo, a identificação do povo brasileiro com São Benedito é tanta que até sua comemoração tem uma data só nossa. Embora em todo o mundo sua festa seja celebrada em 4 de abril, data de sua morte, no Brasil ela é celebrada, desde 1983, em 5 de outubro, por uma especial deferência canônica concedida à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Capela de São Benedito foi o palco da estreia do documentário, produzido e assistido pelos próprios protagonistas

Encontro de gerações
A solenidade de estreia do documentário mostrou que a fé do povo em São Benedito vai além dos festejos. Ela é perpetuada pela devoção genuína de famílias inteiras de Congos e Caiapós. Aos 94 anos, a capitã do Terno de Santa Bárbara e São Jerônimo, Orlanda da Conceição, a querida Dona Orlanda, Mestre de Cultura Popular reconhecida pelo Ministério da Cultura, uniu-se à pequena Maria, que ainda nem completou um ano, mas já sente, em sua vidinha, as mãos de São Benedito, repletas de rosas.

“Graças à iniciativa da Associação dos Ternos de Congos e Caiapós de Poços de Caldas, em parceria com a Câmara Setorial de Cultura Popular do Conselho de Política Cultural, e do Coletivo Estamos Aqui – Projeto Curas, coube à Prefeitura, através da Secult, valorizar e fomentar a realização desse documentário. Os tambores não ecoaram e não houve festa por dois anos consecutivos, mas a fé do povo de Poços de Caldas no Santo Negro não se abalou nem na pandemia. Cheios de fé e devoção, os Ternos de Congos e Caiapós se reuniram para celebrar as datas importantes de maio: Dia de Santa Cruz, Retirada dos Caiapós do Mato, Missa Conga e Procissão Solene”, explicou o secretário municipal de Cultura, Gustavo Dutra.

O vice-prefeito Júlio César de Freitas representou o prefeito Sérgio Azevedo na solenidade. “Uma noite de festa. Quero cumprimentar a Secretaria de Cultura, a Associação e todos que colaboraram para a produção desse documentário. Ficou simplesmente maravilhoso e isso se reflete no brilho do olhar, em cada som, em cada palavra”, sintetizou.

Aos 94 anos, Mestre da Cultura Popular e capitã Dona Orlanda da Conceição, emocionou a todos

A presidente da Associação dos Ternos de Congos e Caiapós, Lilia Clementino, destacou o empenho de todos para que o documentário fosse concretizado. “Não foi fácil. Quero agradecer imensamente cada congadeiro e caiapó que dedicou o seu tempo para colaborar no projeto. Vamos torcer para que o ano que vem nós possamos estar juntos na nossa festa, que não pode parar. E viva São Benedito!”.

Além de Lilia Clementino, o documentário tem produção da antropóloga e produtora cultural, Gabriela Acerbi. “Para além da festa, estamos falando de dimensões de vida, de ancestralidade, de um processo de ocupação e de experiência de produzir essa terra onde a gente está, que tem um caminho longo, de uma história que não foi fácil, pelo contrário. É cada vez mais importante pensar na festa, mas pensar para além da festa e realmente entender que quando falamos da devoção em São Benedito em Poços, estamos falando de uma experiência ancestral, de modos de vida, da relação com São Benedito, da relação com o corpo, com a saúde, da dimensão da cura. Do ponto vista antropológico, estamos falando da vida, de pessoas, de trajetórias de existência”, destacou a antropóloga durante a roda de conversa online “São Benedito de Poços de Caldas: a fé e a devoção de seus Congos e Caiapós”, realizada no dia 16 de setembro, dentro da programação da 8ª Jornada do Patrimônio Cultural de Minas Gerais.

Assista online
Às 20h em ponto teve início a exibição do documentário na Capela de São Benedito e, simultaneamente, pelo Canal Poços Curte em Casa e da Prefeitura no YouTube. “A participação dos mestres, mestras, bandeireiras, espadistas, embaixadores, capitãs, capitães, chefe, desde a tenra idade como a Maria, que ainda nem completou um ano, e da mestra Dona Orlanda, no resplendor de seus quase 94, nos enche de alegria porque a história de vida dessas pessoas se mistura e compõe a história da cidade de Poços de Caldas, que vai completar 150 anos em 2022. Que nós possamos estar em festa no ano que vem”, desejou o secretário municipal de Cultura, Gustavo Dutra.

O documentário segue em cartaz na internet e será exibido também pela TV Poços e pela Rede Minas para todo o estado.

Assista pelo https://bit.ly/docsaobenedito.

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