Jornada do Patrimônio Cultural: caminhos distintos que levam à valorização e preservação do nosso patrimônio
Seis caminhos distintos que levam ao mesmo lugar: a promoção, valorização e preservação do patrimônio cultural de Poços de Caldas. Com o tema geral Caminhos de Poços de Caldas, a programação local da 9ª Jornada do Patrimônio Cultural de Minas Gerais foi desenvolvida em seis itinerários, abrangendo os Caminhos Coloniais, Literários, Ecológicos, Imaginários, de Batalhas e de Religiosidade.
O tema proposto pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA) para a edição de 2023 foi “Caminhos Gerais: Itinerários e Rotas do Patrimônio Cultural Mineiro”, com programação local realizada de 10 a 18 de setembro.
Os Caminhos Coloniais, com as regiões onde predominam as influências e especificidades do período colonial, abriram a programação da Jornada, com a encenação Caminhos do Imperador, dentro do Turismo em Cena, com a Companhia Teatral Máscaras Vivas.
Moradores e turistas embarcaram em um passeio pela história de Poços de Caldas, rememorando a visita do Imperador Dom Pedro II e sua comitiva, em outubro de 1886, para a inauguração do Ramal de Caldas da Estrada de Ferro Mogiana. A população ficou em festa com a vinda da corte e esse acontecimento projetou a estância em todo o país.
A Biblioteca Centenário, no Espaço Cultural da Urca, sediou os Caminhos literários, territórios que promovem a biografia e a obra de grandes escritores mineiros, com um produtivo diálogo literário com os escritores locais Hugo Pontes e Guilherme Teixeira, que conversaram com os educadores da Rede Municipal de Ensino sobre as obras de escritores mineiros e os caminhos literários do século XX em Poços de Caldas e em Minas Gerais.
Até mesmo a Serra de São Domingos recebeu a programação, com o tema “Caminhos ecológicos: rotas de preservação ambiental, patrimônio natural e turismo ecológico”. Uma visita à Serra de São Domingos em formato de vivência, com palestra ministrada pelo arquiteto da Divisão de Patrimônio Construído e Tombamento (DPCT), João Neves, teve como objetivo conceituar e apresentar a diversidade e atributos da Paisagem Cultural e Patrimônio Ambiental de Poços de Caldas.
O Museu Histórico e Geográfico foi o palco para os “Caminhos de batalhas: territórios marcados por combates militares e diferentes tipos de conflitos armados”. O professor de história Yuri de Almeida Gonçalves ministrou palestra sobre a história da revolução de 1932, que marcou a divisa dos dois Estados: Minas Gerais e São Paulo, sendo significativa para o município de Poços de Caldas, pois houve acampamento militar no local que ficou conhecido como “Ponto da Cascata”, no Marco Divisório.
Já nos Caminhos Imaginários, a Companhia Teatral Monteiros e Lobatos apresentou a encenação “Histórias, causos e lendas sulfurosas”, com saída do Museu, passando pelo Espaço Cultural da Urca, Parque José Affonso Junqueira, Praça Pedro Sanches, Thermas Antônio Carlos até o Calendário Floral. Baseado nas pesquisas de Nilza Botelho Megale, em sua obra “Memórias Históricas de Poços de Caldas”, o passeio acaba na Fonte Pedro Botelho, que teria sua origem em uma lenda diabólica, ligada ao cheiro de enxofre das águas quentes, sendo este o ponto principal da apresentação.
Encerrando a programação, foi realizada a entrega simbólica da escadaria que reconstrói o caminho entre a Travessa Manoel Dias Simões, no centro da cidade, até a Capela de Santa Cruz. A escadaria substitui o funicular, na lateral do prédio da Câmara Municipal, e leva até a Capela de Santa Cruz, um dos bens tombados mais antigos do município. O local marca o início das manifestações religiosas e culturais da Festa de São Benedito de Poços de Caldas, sempre a 3 de maio, Dia de Santa Cruz, com a tradicional bênção dos mastros.
A Jornada
A Jornada do Patrimônio Cultural de Minas Gerais se inspirou na experiência francesa das Journées du Patrimoine. Partindo da premissa de que as ações de promoção e divulgação do patrimônio cultural são de fundamental importância para tornar mais efetiva a participação social e a gestão compartilhada das políticas de preservação do patrimônio cultural em nosso país, a iniciativa constituiu-se em uma experiência concreta e rica em possibilidades, capaz de reforçar a ideia de que as ações de proteção ao patrimônio cultural não são prerrogativas apenas dos órgãos públicos e que elas devem caminhar sempre na direção de um aprendizado coletivo, da valorização da diversidade cultural e de modo a contribuir para a criação de redes de circulação da produção cultural.
A realização da Jornada em Minas Gerais assumiu contornos próprios, com a participação de municípios e instituições culturais em torno de um mesmo objetivo, ou seja, de estimular e desenvolver atividades que sensibilizem a sociedade, favorecendo a transmissão dos valores culturais e promovendo sua inserção contemporânea em um projeto mais amplo de valorização da diversidade do patrimônio cultural mineiro.