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Seminário coloca violência doméstica na pauta do Dia Internacional da Mulher em Poços de Caldas

Durante todo o dia, especialistas, profissionais que atuam nos serviços que atendem mulheres vítimas de violência e interessados no tema se reúnem no Teatro Benigno Gaiga, no Espaço Cultural da Urca, no Seminário Municipal Dia Internacional da Mulher. Celebrada anualmente em 8 de março, a data foi criada para destacar a luta histórica das mulheres e é um marco também contra a violência de gênero.

O Brasil teve aumento de 1,6% nos casos de feminicídio registrados em 2023 em comparação com o ano anterior, de acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) publicados na última quinta-feira (7/3). Foram 1.463 vítimas de feminicídio ao longo de 2023, ou seja, 4 mulheres mortas por dia, o maior número registrado desde 2015!

“O pai de todo o preconceito é a misoginia”, destacou o vice-prefeito Júlio César de Freitas, durante a abertura do evento, na manhã desta sexta-feira. Ele ressaltou também a relevância fundamental do trabalho em rede que vem sendo realizado em Poços de Caldas, integrando os diversos serviços ofertados às mulheres vítimas de violência, além das ações de conscientização de mulheres, agressores e sociedade.

Para a delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) em Poços de Caldas, Juliane Emiko, o Dia Internacional da Mulher é de luta, mas também de reconhecimento. “Evoluímos muito em direitos e em obtenção de perspectiva de futuro, mas sempre pensando que ainda temos muito que lutar, mas sempre com olhar de esperança. Hoje, temos uma lei fortificada, aqui no município temos uma rede que foi formada e está cada vez mais fortalecida, temos uma mulher na Secretaria de Promoção Social e tudo isso trouxe grandes avanços para nós mulheres. Pensando nesse reconhecimento, deixo o slogan da Polícia Civil e também do Sempre Vivas: é tempo de reconhecer o valor das mulheres. Hoje é um dia de luta, mas também de reconhecimento do nosso valor como ser humano e na sociedade”, pontuou.

Já a secretária municipal de Promoção Social, Marcela de Carvalho, aproveitou para agradecer e parabenizar a equipe do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) pela dedicação na organização do seminário e pelo trabalho do Núcleo da Mulher, que oferece assistência psicológica, social e orientação jurídica a mulheres vítimas de violência.

“Estou muito feliz hoje de, como mulher, estar à frente desta secretaria tão importante”, celebrou Marcela de Carvalho. “Convidamos todos os servidores da Promoção Social para que estivessem neste evento hoje e pudessem participar e ouvir as palestras porque são eles que atuam diretamente com o público, que vão receber, acolher e escutar essa mulher vítima de violência. Precisamos falar cada vez mais sobre o assunto para levar conhecimento para todos sobre as políticas públicas, os serviços que temos e o que podemos fazer nos casos de violação de direitos. Muitas vezes, a mulher nem sabe que está sofrendo violência ou que está em algum tipo de violação de direitos”, alertou. “Que possamos sair no dia de hoje com mais conhecimento e com propostas efetivas para o nosso trabalho em rede”, finalizou.

Também fizeram parte da mesa de abertura a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Osmara Nogueira, a Sargento Elaine Jeronimo, da Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica da Polícia Militar e a coordenadora do CREAS, Cíntia Bernardes.

Amor, violência e silenciamento
Amor, violência e silenciamento: por que é tão difícil para as mulheres romperem este ciclo? Tendo esse contundente questionamento como temática, a primeira palestra do dia foi ministrada por Valeska Zanello, autora, pesquisadora na área de saúde mental e gênero e professora do Departamento de Psicologia Clínica da UNB.

“As emoções são aprendidas, assim como os comportamentos. Existem várias pesquisas transculturais que mostram como as emoções se transformam, sejam em culturas diferentes, seja historicamente. A primeira coisa que a gente precisa se perguntar é o que está por trás da dificuldade das mulheres de saírem de uma relação amorosa. Isso tem a ver com o tipo de amor que a gente tem aprendido, tem a ver com o tornar-se mulher, com a romantização do amor. Somos bombardeadas por tecnologias de gênero, que são produtos culturais que nos informam o tempo inteiro que a coisa mais importante da vida de uma mulher é ter um homem”, iniciou Valeska Zanello.

Na programação também constam as palestras: “Mulheres vítimas de violência: da invisibilidade ao reconhecimento”, com a Dra. Ana Tereza Ribeiro Salles Giacomini, Promotora coordenadora do Centro Estadual de Apoio às Vítimas – Casa Lilian; e “Vitimização criminal e trauma: detecção e intervenção psicossocial”, com a psicóloga Cláudia Natividade, assessora técnica do Centro Estadual de Apoio às Vítimas – Casa Lílian, tendo como debatedora Ellen Lopes, advogada e professora universitária.

Aberta ao público, a iniciativa é uma realização da Secretaria Municipal de Promoção Social, em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e Rede da Mulher, e tem como objetivo promover o debate de forma a fortalecer o trabalho intersetorial e articulado junto às mulheres que vivenciam situação de violência na cidade, buscando a promoção dos direitos deste público, bem como criar estratégias conjuntas sobre o enfrentamento da violência contra a mulher.

A data
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, teve origem no movimento operário e se tornou um evento anual reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). A proposta de tornar a data internacional veio de uma mulher chamada Clara Zetkin, ativista e defensora dos direitos das mulheres. A data foi celebrada pela primeira vez em 1911, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça.

A data foi oficializada pela ONU em 1975, designado Ano Internacional da Mulher. Ao longo das décadas, a data se transformou, deixando de ser apenas um dia para reconhecer as conquistas das mulheres para se tornar um ponto de encontro para construir apoio aos direitos e à participação das mulheres nas esferas política e econômica.

 

 

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